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Histórico

No final dos anos 1980, frente ao crescimento do número de iniciativas econômicas populares urbanas e rurais e à falta de conhecimento e experiência desses atores sociais nos campos da administração e da gestão, se tornava inadiável a criação de um serviço de cooperação e apoio a tais empreendimentos.

Alguns educadores e outros profissionais com atuação junto a instituições de apoio aos movimentos populares e suas lutas, sensíveis e preocupados em responder àquela demanda específica, se articularam e fundaram - em 1 de novembro de 1988 -  uma organização da sociedade civil denominada CAPINA - Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa.

 

Contemporânea a uma nova fase da vida política brasileira, pós Constituição democrática (1988), a CAPINA nasce na busca de qualificar a formação dos trabalhadores e, especificamente, suprir as carências e a precariedade de conhecimentos dos mesmos nos campos da gestão administrativa, tecnológica e social.

 

Pioneirismo

A CAPINA foi concebida num momento em que ainda não eram tão evidentes as modificações que se processavam na estrutura do mercado de trabalho, a partir da década de 1980. Entretanto, de forma pioneira, a sua proposta de intervenção já surgia direcionada para as organizações de trabalhadores e trabalhadoras na agricultura familiar e em iniciativas urbanas que, de forma associada, apresentassem como perspectiva a busca da eficácia nos processos econômicos com base no exercício de relações democráticas.

 

Nessa direção, também apoia e promove a articulação de diversos grupos de educação de trabalhadores em torno do Conselho de Escolas de Trabalhadores (1989), com participação de iniciativas de trabalhadores em diversas cidades do país.

 

Nestes termos, a CAPINA define como seu objetivo: contribuir para o processo de educação e desenvolvimento cidadão e técnico dos trabalhadores buscando, pari passo a sua sustentabilidade econômica, a consistência política das iniciativas econômicas populares, como um dos caminhos para a afirmação da cidadania e para a superação das desigualdades sociais.

 

Os primeiros quinze anos  

Até 2002 a CAPINA se dedicou, principalmente a assessorias feitas diretamente a organizações de produtores da cidade e do campo. Foram acompanhados cento e cinquenta e dois grupos, formais e informais, localizados em 22 estados da Federação.

 

Nesse percurso, a equipe da CAPINA mais que ensinou, aprendeu e acumulou experiência. Um rico conhecimento sobre as condições, as culturas, as perspectivas e a lógica de funcionamento desses grupos de trabalhadores. Esse aprendizado deu margem à construção de uma metodologia de formação apropriada para a elaboração e o entendimento coletivos das condições necessárias à viabilidade econômica e à gestão democrática de empreendimentos associativos, tratando de assuntos aparentemente complexos de forma simples e elucidativa.

 

Esta abordagem criou as condições para sistematizar a peculiaridade do conhecimento que vinha acumulando. Os fascículos "Puxando o fio da meada: viabilidade econômica de empreendimentos associativos I" e "Retomando o fio da meada: viabilidade econômica de empreendimentos associativos II" foram os primeiros veículos de divulgação dessas construções.

 

 

 

A partir de 2003, a CAPINA muda a sua forma de atuar e passa a promover os Cursos de Viabilidade Econômica e Gestão Democrática de Empreendimentos Associativos. Os Cursos se propõem a formar técnicos, assessores/educadores, num esforço de qualificar a sua atuação específica através da apropriação e recriação de conhecimentos e ferramentas voltadas para a sustentabilidade dos empreendimentos produtivos populares.

 

Partindo da problematização das práticas desses assessores, os Cursos agregam novas ferramentas e outras lógicas para análise das atividades, ampliando assim o potencial de intervenção dos mesmos. O fundamental é a desmistificação da complexidade do conhecimento das condições necessárias para que um empreendimento seja econômica viável e socialmente sustentável.

 

Apoio à comercialização 

Por mais de 18 anos, a CAPINA ofereceu um serviço de apoio à venda de produtos das organizações de agricultores familiares. Este serviço, destinou-se aos encarregados das vendas e aos assessores locais dessas organizações, fornecendo a eles todas as informações necessárias à comercialização dos seus produtos. Foi um trabalho essencialmente educativo que demonstrava, através da própria prática da venda, as condições necessárias para ter acesso ao mercado de uma grande cidade como o Rio de Janeiro.

 

 

 

Complementando este serviço, em 1997, foram criadas as Oficinas para gerentes comerciais das organizações da agricultura familiar que abriram espaço para tratar de temas cotidianos da prática de vendas, incluindo visitas a CEASAs e outros tipos de compradores.

 

O boletim "Circular Recopa", produzido desde 1996, com uma tiragem de 1000 exemplares, divulgava notícias de interesse da agricultura familiar e era distribuído mensalmente para organizações da agricultura familiar, e outras tantas instituições ligadas atividade agrícola de iniciativa popular. A Circular Recopa, como uma ferramenta de comunicação, fortaleceu muito a presença da CAPINA no meio rural.

 

O esforço de elaboração e de contextualização das ações

Em 1999, a CAPINA organizou o Seminário "Economia dos Setores Populares: entre a realidade e a utopia". Participaram como organizadoras as entidades: UCSal – Universidade Católica do Salvador; CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviços; e CEADe – Centro Ecumênico de Apoio ao Desenvolvimento (sediadas em Salvador/BA) e CERIS – Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Rio de Janeiro/RJ). Como resultado desse Seminário, foi publicado, pela Editora Vozes, um livro com o mesmo título que, desde o lançamento constituiu-se em referência para todos que se preocupam com o tema.  O Seminário reuniu, pela primeira vez, os principais teóricos e pesquisadores do nosso país vinculados ao emergente tema da economia popular.

 

A experiência acumulada com a realização dos primeiros Cursos de Viabilidade Econômica e Gestão Democrática estimulou, em 2006, a realização do Seminário “Economia dos setores populares: sustentabilidade e estratégias de formação”. O objetivo foi a partilha dessa experiência com um público mais amplo e o debate sobre as estratégias de formação direcionadas para a sustentabilidade dos empreendimentos associativos populares. O resultado do seminário foi publicado sob a forma de um livro com o mesmo nome.

 

Entre 2007 e 2009, a CAPINA elaborou e executou o projeto "Aprendendo e Aprimorando Estratégias de Formação em Viabilidade Econômica e Gestão Democrática" que teve por objetivo desenvolver uma pesquisa de avaliação com vistas a consolidar a sua metodologia. Seus resultados foram debatidos num Seminário realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 2009, com a presença de 120 pessoas. E foram ainda registrados nas seguintes publicações: Viabilidade Econômica e Gestão de Empreendimentos Associativos; Sustentabilidade dos Empreendimentos Populares: uma metodologia de formação - Editora Oikos – Porto Alegre/RS.

 

No último triênio (2010 – 2012), a CAPINA deu continuidade aos Cursos e Oficinas e também retomou as ações de assessoria com o intuito de manter estreita relação com os desafios e potencialidades dos grupos associativos, público privilegiado de suas ações.

 

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